O jornal do Vaticano, 'L'Osservatore Romano', chamou o recém-falecido escritor português José Saramago de "populista extremista" em sua edição deste sábado (19).
O diário, em obituário, definiu o ganhador do prêmio Nobel de Literatura de 1998 como um homem de "ideologia antirreligiosa" e "ancorado no marxismo".
O título do artigo é "A onipotência (suposta) do narrador). Assinado por Claudio Toscani, ele relata a vida do romancista português.
"Foi um homem e um intelectual de nenhuma admissão metafísita, até o final ancorado em uma total confiança no materialismo histórico, ou marxismo", escreve.
O texto também cita o romance "O Evangenho segundo Jesus Cristo", qualificado de obra "irreverente".
O obituário acrescenta que Saramago "nunca deixou de ter uma incômoda simplicidade teológica".
"Um populista extremista como ele, que se encarregou de explicar o porquê do mal no mundo, deveria ter abordado em primeiro lugar o problema de todas as errôneas estruturas humanas, desde as histórico-políticas às sócio-econômicas, em vez de saltar direto ao plano metafísico", prossegue.
Finalmente, o texto assegura que Saramago não deveria ter culpado a "um Deus em que nunca acreditou, por via de sua onipotência, de sua onisciência e de sua oniclarividência.
Saramago sempre foi um crítico feroz da Igreja Católica, e recebeu muitas críticas após o lançamento de sua versão romanceada da história do Evangelho.
Depois de receber o Nobel em 1998, ele foi duramente criticado pelo Vaticano, mas reagiu dizendo que o verdadeiro escândalo não era a sua obras, mas sim a Inquisição.
Fonte Do G1, com agências internacionais