«A Minha Poesia Dialoga Com os Momentos da Nossa Mais Recente História, Embora de Forma Preversa»
Entrevista de Claúdio Daniel
Escolhi a condição de ser poeta, por ser, um ser confuso, incompleto, sempre pronto a ser forjado, moldado, formado e transformado. Sinto que nesta condição acomodo-me no triângulo ritualístico, no processo de transmigração.
"As Literaturas Provenientes dos Países Ricos Têm Maior Aceitação"
A literatura africana tem sido objecto de estudo em universidades europeias e americanas. Além dos países de expressão portuguesa que se têm debruçado sobre ela, países como França, Estados Unidos ou Cuba hoje conhecem mais a literatura angolana do que há cinco anos atrás. Entre os escritores e estudiosos de literaturas africanas de expressão portuguesa com que viemos conversando, Michel Laban é dos mais destacáveis.
"Sou um Recoletor de Sonhos e Ecos"
Entrevista de: Aguinaldo Cristóvão
Que adjectivo atribuir a um escritor que, tal como tantos, ainda não se consideram como tal? Que dizer, se a sua poesia surge entrelaçada com a pintura, e a escultura lhe surge como uma consequência necessária de um homem com alargada visão política? Tantas interrogações merecem resposta. Fernando Costa Andrade, que nos últimos anos assina apenas com o pseudónimo "Ndunduma", é membro fundador da União dos Escritores Angolanos. Há escritos segundo os quais ele ajudou na materialização da sua constituição.
"Sou um Homem do Mato"
Entrevista de: Isaquiel Cori
Autor de três romances, Jacinto de Lemos é sempre ansiosamente aguardado pelo público. Dono de uma escrita versátil, popular, os seus temas giram em torno da infância e dos conflitos gerados pela crença no feitiço. Undengue (UEA) mereceu, em 1986, menção honrosa no concurso Sonangol. O Pano Preto da Velha Mabunda (INALD, 1999) foi adaptado ao teatro e esgotou-se rapidamente, tornando-se numa raridade bibliográfica. O seu mais recente livro é A Dívida da Peixeira, prémio Sonangol em 2002. Conceição Cristóvão, poeta e ensaísta, escrevendo sobre Jacinto de Lemos disse que «entre os escritores da nova geração temos um verdadeiro «operário» da palavra, um «griot», um prosador de palavra simples, límpida, fluindo como a água da fonte». Jacinto de Lemos, nascido no Bengo aos 21 de Janeiro de 1961, fala, aqui, de si mesmo («sou um homem do mato») e do feiticismo, a sua temática preferencial. Refere-se, igualmente, à sua condição de escritor profissional.
«É Preciso Cimentar as Nossas Raízes»
Entrevista de: Isaquiel Cori
António Pompílio é um dos escritores que se revelaram nos anos 90 e cuja obra, poética e ficcional, silenciosamente concita a atenção de uma crítica que infelizmente não vamos tendo. Autor dos livros O sal dos olhos do mar, poesia, UEA, 1997, Simetrias, poesia, UEA, 2004, e Mambelé, novela, UEA, 2005, Pompílio tem, no prelo, Mutudi, a Dama de Ventre de Fogo, que, segundo o próprio, «é um romance de raízes etnolinguísticas que aborda as questões dos rituais fúnebres e obituários existentes em Angola».
Entrevista de Ana Paula Tavares concedida à Claudia Pastore.
«Nada Mais nos Atrai no Título Para Além do Próprio Título»
Entrevista de Aguinaldo Cristóvão
A primeira impressão surgida da análise da obra de Trajanno Nankhova Trajanno envolve os recursos estilísticos que usa para fazer poesia. O leitor verá, a seguir, que a linguagem de Trajanno é sacralizada e que a religião também poderá ser um bom tema de conversa, para o entendimento do seu trabalho. Foi neste ambiente que o poeta, que usa habitualmente branco nos diz: «Não podemos reclamar frequentemente da tosse que nos grassa o órgão respiratório, se não nos propomos a largar o cigarro e os demais agentes nocivos que nos inviabilizam a cura. De que nos servem as lamentações sobre o cansaço se ao fim de cada jornada não procurarmos descansar?»
«A Vivência é uma Fonte Inesgotável Para Qualquer Escritor»
Entrevista de Aguinaldo Cristóvão
«O escritor muitas vezes surpreende-se, porque a realidade lhe apresenta situações, que por muito ousado que ele fosse, nunca seria capaz de as conceber». Arnaldo Santos
Na Ciência não Pode Haver «Nacionalismos» Estreitos
Entrevista de Aguinaldo Cristóvão
«O crítico tem também de ser humilde e não pensar que tem a bitola tanto da literariedade quanto da nacionalidade.»
«O Poeta é Sonhador, Mas o Sonho Dele Torna-se Realidade»
Entrevista de Aguinaldo Cristóvão
Nativo da Brigada Jovem de Literatura de Angola, John Bella, heterónimo literário de Jorge Marques Bela, traça a sua evolução como escritor, embora não diga abertamente que tem um dom de prever situações. Essa interrogação levou-nos a reler os seus livros e a constatar que os seus três livros de poesia referem-se às mais importantes etapas da história recente de Angola. Mas, como o próprio escritor diz, parafraseando Agostinho Neto, apenas basta-lhe que as mãos coloquem pedras sobre os alicerces do mundo.