"A construção de uma Angola boa para todos passa sobretudo pela educação"
Escrito por Roderick NehoneEntrevista de: Isaquiel Cori
Roderick Nehone é um dos escritores angolanos mais premiados. Apareceu publicamente, de início, como poeta (Génesis, INALD, 1996, Prémio António Jacinto), mas é sobretudo na qualidade de ficcionista que o seu nome é referenciado. Publicou ainda Estórias Dispersas da Vida de um Reino, contos, UEA, 1999, Prémio Sonangol de Literatura; O Ano do Cão, romance, Nzila, 2001, Prémio Sonangol de Literatura; e, mais recentemente, Tempos Sem Véu, romance, Nzila, 2003.
Como escritor, Nehone tem o objectivo confesso de retratar o seu tempo, a sua época, nas mais diversas perspectivas. "Não gostaria nunca de fazer passar a mensagem de um escritor que está de costas viradas à época e à sociedade em que vive", diz. Interpelámo-lo a propósito do lançamento do seu último romance (Tempos Sem Véu), sem deixar de solicitar a sua análise aos problemas mais gerais da literatura e da situação política e social do país. Quanto ao futuro deste portentoso país que finalmente desperta do pesadelo da guerra, Nehone é peremptório: "Angola é um país demasiado rico para que tenha um povo num nível perigoso de ignorância. As riquezas que Angola tem são tais que nós estamos condenados a deixar de ser ignorantes". Roderick Nehone é o pseudónimo literário do jurista Frederico Cardoso Manuel dos Santos e Silva Cardoso, nascido em Luanda aos 26 de Março de 1965. Actualmente, é secretário-adjunto do Conselho de Ministros da República de Angola.
Sente que esta Luanda, de hoje, ainda é sua, que ainda lhe pertence?
Luanda há-de ser sempre minha. É a terra que adoptei como minha há meio século, mas ela perdeu muito da sua identidade. Luanda já não é aquela cidade africana, do género colonial, que a distinguia das demais capitais africanas.