Este trabalho integra o projeto «Letras e Telas: Sonhos, Paisagens e Memórias em Poetas e Pintores de Moçambique», coordenado pela Professora Doutora Carmen Lúcia Tindó Ribeiro Secco. Ao invés de traçar paralelos entre uma tela e um poema, trabalharemos com o conto «O embondeiro que sonhava pássaros», de Mia Couto, por ser escrito em prosa poética, o que pressupõe um conceito lato de poesia. A tela escolhida foi «Concerto para noite de luar», de Roberto Chichorro.
«E nisto acudiu o barbeiro:
– Peço a Vossas Mercês que me dêem licença
para narrar um breve caso que (...), por vir aqui
de molde, sinto vontade de contar»
(Dom Quixote - Miguel de Cevantes)
A Gotinha Rebolinha: Uma Narrativa Infantil Angolana Juraci Coutinho de Pina
Escrito por Juraci Coutinho de PinaÉ uma das mais árduas tarefas que conheço
colocar-se a gente no nível da criança; e é
característico de um espírito bem formado e
forte condescender em tornar suas as idéias
infantis, a fim de melhor guiar a criança.
Montaigne *
Noémia de Sousa, Bertina Lopes, Mia Couto e Naguib: Um Diálogo de Sonho, Memória e Erotismo
Escrito por Mônica Farias de Souza
O presente trabalho objetiva estudar a significação dos sonhos, do erotismo e da memória na poesia de Noémia de Sousa e Mia Couto e na pintura de Bertina Lopes e Naguib, em dois momentos da história de Moçambique: o período pré e pós-colonial. Pretende-se estabelecer um diálogo entre as artes moçambicanas contemporâneas, observando seu comprometimento com a proposta de resistência cultural e de reconstrução da memória coletiva.
Pelas Letras de Ruy Duarte e Arlindo Barbeitos e Pelas Telas de António Ole, o Desvendar da Face Aangolana
Escrito por Vanessa Relvas de Oliveira Teixeira
Os séculos de colonização portuguesa em África ocasionaram a junção de povos de culturas diversas, ou mesmo inimigos e o dispersar dessas culturas autóctones, o que acabou por culminar em uma crise de identidade. Por imposição dos colonizadores ou mesmo por terem assimilado as ideologias preconceituosas difundidas pelos mesmos, os povos das então colônias sofreram um processo denominado embranquecimento cultural. Não obstante, as culturas africanas não foram totalmente destruídas. Em Angola, é por volta de fins dos anos 40 do século XX que as tradições locais irrompem na literatura. Revivem-se mitos, rituais, costumes mascarados pelos colonizadores.