Na imagem de homem e mundo
no inventar consciências e vidas,
marginaliza-se o poder e o povo
O círculo é meu,
sou rei
sou poder
e desenham-se imagens em círculos
tais grãos de milho e ausências de pão
por círculos a fora e de fora
dividem-se as almas e fortunas
repartem-se os lençóis e amantes,
reclamam-se mais círculos mais poder,
/mais reinos
enquanto desalmados e amargurados
na desdita desventura de seu bem esperar
o pão, o suor, o trabalho e a boa reza
e no olhar o voto próximo
penso na renovação de caixotes suíços
na imagem de tal franco e dólar
que animam ainda a gestão doméstica
no prometer pão vida e água
adormecemos as mentes com vinho e água benta
os panfletos e imagens de grandeza adornam
(...)
Excerto do poema “O círculo”. Dartanhã Fragoso é o pseudónimo literário de Domingos Rafael Fragoso. Nasceu em 1963 em Luanda. Médico de profissão, é poeta, cronista, contista e ensaísta, tendo um livro de poemas publicado, intitulado “Paradigma”. Publica regularmente artigos e ensaios na imprensa luandense, nomeadamente nos jornais “Comércio-Actualidade”, “Jornal de Angola” e “Angolense”. Como conferencista tem animado diversas palestras na sede da União dos Escritores Angolanos e no centro “Cultural Agostinho Neto”, em Luanda.
Sobre a sua produção poética escreve o linguista Domingos Lopes “Kenexi”: “Solidamente construída nos sonhos do porvir de estrelas brilhantes, ilumina o caminho sofrido dos sonhos perdidos na geração criadora ( a que o autor pertence), e mais disse: “Poesia humanamente espiritual, serve das estranhas da Mãe/Natureza o perspicaz e suculento Amor/sonho; envolve-nos num vasto e inesgotável interesse... leva-nos á inesgotável gulodice tradicional, que não sabe à plástica, e engordam os olhos e barriga nossas; indicam o caminho (...) ““Paradigma” é a poesia do querer, da existência e do ser. “Paradigma” se abre do irreal existente.”